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Entrevista

Mark Rappo, a lenda dos 2 mil gols

A história nos conta. Com alguns asteriscos, é bem verdade, mas está lá. Pelé, o maior jogador da história do futebol marcou inacreditáveis 1283 gols. Há autores que colocam alguns gols a mais ou a menos, mas é por aí. Agora, imagine alguém quase duplicar esta marca. Impossível? Não para Mark Rapsey, o Rappo.

O corpulento jogador de 49 anos é uma lenda no futebol amador da Inglaterra, o chamado Non-League Football. E no dia 19 de fevereiro, alcançou a marca de 2 mil gols em sua carreira. O feito foi completado em uma partida de veteranos entre o Wadebridge Town, sua equipe, e o Lanreath. De pênalti, assim como Pelé e Romário marcaram seus respectivos milésimos gols, Rappo venceu o goleiro David McGhee, e foi ovacionado pelos presentes no Bodieve Park e abraçado por seus companheiros. Como se não bastasse, ainda marcou seu gol de número 2001. O placar final foi de 7 a 0 para a equipe de Rappo.

Aliás, o goleiro do Lanreath, McGhee, já havia sido companheiro de Rappo em outra equipe. Fato que de acordo com Rappo, que conversou, só dificultou as coisas. “Ele sabe meu lado favorito nos pênaltis e estava apontando para o canto antes da minha cobrança, brincando. Eu decidi bater naquele canto mesmo e por sorte ele foi para o lado errado. Mais tarde na partida, eu o peguei de longe fazendo meu 2001º gol, mas ele estava tranquilo em relação a isso depois do jogo”, se diverte Rappo.

Sobre seu status lendário, o jogador se mostrou orgulhoso, mas lamentou não poder dividir isso com duas pessoas importantes de sua vida. “Me sinto orgulhoso de ser lembrado como o único jogador a ter marcado 2 mil gols até agora. Gostaria apenas que meus pais estivessem aqui pra ver isso. Ambos faleceram de câncer nos últimos anos. Eles ficariam felizes de ver todo esse amável reconhecimento do mundo inteiro”, conta. E a sensação de alcançar essa marca não foi apenas de alegria. “Foi puro alívio, pra ser honesto. Eu tive osteoartrite no meu joelho direito pelas últimas quatro temporadas e tenho saído do banco apenas nos últimos 20 minutos de jogo. Posso me aposentar feliz agora”, exclama.

Durante a conversa, Rappo demonstrou grande respeito por Pelé e se diz honrado pelas comparações que surgiram. “Eu acho que Pelé foi o melhor jogador de sempre, então, eu adoro ser mencionado na mesma frase que ele, mas todos os meus gols foram marcado no nível semiprofissional, então eles não se comparam aos do grande homem”. O milésimo gol de Pelé (pelo menos o mais conhecido deles, já que há controvérsias sobre qual seria exatamente o milésimo), aconteceu em 19 de novembro de 1969 no Maracanã, em um gol de pênalti contra o goleiro Andrada, do Vasco. Já o milésimo de Rappo aconteceu em 1998. “Eu me lembro bem. Eu cortei pra dentro vindo da direita, passei o lateral-esquerdo e notei que o goleiro estava bem longe do gol. Então eu toquei no canto oposto logo abaixo do travessão”, relembra.

O registro desses gols é realizado de forma detalhada, garante Rappo. “Há vários estatísticos de futebol em Cornwall que registram todas as estatísticas, e eu também mantive um registro pessoal dos meus gols em todas as competições desde minha estreia, aos 13 anos. Hoje eu tenho 49”, destaca o artilheiro.

Em sua carreira, Rappo passou pelas equipes de Bristol City (base), Exeter City e Halifax Town em nível profissional. No nível semi-profissional, Rappo listou as seguintes equipes: Falmouth Town, Truro City, Newquay, Wadebridge Town, Penzance, Penryn, Porthleven e Perranwell, além de 52 jogos por Cornwall, seleção da região em que vive, no extremo sudoeste da Inglaterra..

Agora, é hora de deixar o futebol pela porta da frente. “Eu acho que é um bom momento pendurar as chuteiras agora. Meu objetivo sempre foi o ‘Santo Graal’ dos 2 mil gols e meu joelho não está em boas condições junto com minha forma física. 49 anos é tempo suficiente. Vou sentir falta da explosão de marcar um gol. Todos os meus companheiros jogam golf, então acho que essa é a próxima coisa a se fazer”, brinca o atacante, que deixa um grande legado no futebol amador inglês e mundial.


Reportagem publicada em 6 de março de 2017, no blog Escrevendo Futebol.

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