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Reportagem

A tragédia da Puerta 12

O dia 23 de junho de 1968 é, certamente, o dia mais triste da história do futebol argentino. River Plate e Boca Juniors empatavam sem gols no Monumental de Nuñez. O resultado era justo e simbólico, pois com o que viria a acontecer na sequência, não seria possível comemorar ou lamentar qual fosse o resultado. 

A torcida xeneize começou a sair do estádio pouco antes do término da partida, descendo por estreitas e escuras escadarias. Por algum motivo não esclarecido, a saída de número 12 se encontrava obstruída. A pressão exercida pela multidão que vinha logo atrás dos torcedores que saíam na frente causou a morte do impressionante número de 71 pessoas, uma boa parte delas, menores de idade, além de 131 feridos. 

As versões para o que ocorreu são diversas. Os barras do River teriam saído mais cedo do que o estipulado, ido em direção ao setor de visitantes e fechado a porta de saída. As catracas se encontravam travadas e impediram a saída normal. Outra hipótese é de que a polícia é quem teria impedido a saída dos torcedores, causando o tumulto. Ou a simplicidade trágica de algum tropeço, que tenha causado uma avalanche humana em um lugar escuro e abarrotado de hinchas. Mas nenhuma autoridade deu qualquer versão oficial. É válido lembrar o conturbado período político em que a Argentina vivia, em meio a uma ditadura militar. A investigação não apresentou responsáveis. Dois dirigentes do River chegaram a ser indiciados, porém, o processo acabou arquivado. 

Com o passar dos anos, não foram poucos os relatos de visões e sons sobrenaturais nos corredores do Monumental de Nuñez. Mas nada tão assustador e terrível, quanto o que os olhos de Miguel Durrieu, um dos sobreviventes, viram naquele dia. “Haviam gritos de pânico, de muito medo. As pessoas que estavam embaixo queriam subir. Estávamos um em cima do outro sob uma terrível pressão que não permitira respirar. Caí e desmaiei. Qual foi o motivo da tragédia? Nunca soube”, contou em entrevista ao Clarín.


Abaixo, o nome das 71 vítimas fatais, com a idade que tinham na época, em parênteses.*

Acosta, Omar Adolfo (18)
Aguirre, Juan Domingo (17)
Alanís, Jorge Roque (21)
Albarracín, Pedro (17)
Alderete, Roberto César (18)
Arce, Eduardo (13)
Bonfanti, Héctor Horacio (20)
Brancato, Gustavo Aurelio (17)
Burgo, Hugo Marco (17)
Bustamante, Héctor Segundo (17)
Cadera, Carlos (20)
Caruso, Néstor Daniel (15)
Cuader, Fernando (18)
De Luca, Luis Alberto (20)
Durán, Rubén Oscar (17)
Espinoza, José A. (19)
Fernández, Paulino (27)
Fernando, Juan Horacio (31)
Ferni, Julio (15)
Ferraril, Julio César (17)
Gaete, Irineo (35)
Galindo, Néstor.
Gallo, Julio César (14)
García, Luis Alberto (15)
Gianolli, Herminio Francisco (32)
Goiello, Juan Ricardo (17)
Gómez, Carlos Alberto (24)
Gómez, José Martín.
Greco, Benedicto (15)
Gugini, Carlos Alberto (15)
Iderman, Jorge Hugo Chana (20)
Jara, Juan Carlos (14)
Landrini, Antonio (18)
Ledesma, Ramón Sorpicia (17)
Leguizamón, Juan (24)
Lezcano, Ramón Esteban (16)
Luna, Agustín Cándido.
Mansilla, Jorge Ernesto Rubén (21)
Martini, Alberto Osvaldo (18)
Mercurio, Eduardo Oscar.
Messitti, Roque (26)
Mojica, Angel Daniel.
Montalva, Jorge Alberto (20)
Morando, Luis Alberto (23)
Moreira, José Ismael (22)
Morel, Pedro Ricardo (16)
Muñiz, Ricardo Oscar (15)
Ochoa, Rubén (17)
Paillini, Rodolfo Antonio.
Pereyra, Domingo (20)
Quintana, Alfredo Aldo (31)
Quintero, José Ramón.
Quirós, Delfino o Rufino (26)
Raggi, Omar Miguel (20)
Ranello, Héctor Omar (23)
Ruiz, Raúl Oscar (15)
Santoro, Mario Héctor (23)
Silva, Rubén Eduardo (15)
Simón, Jorge A. (17)
Sittner, Juan Aurelio (18)
Soria, Rubén (20)
Sosa, Elio Baldemar (24)
Suárez, Luis Crescendo.
Sueldo, Delfo Jesús (26)
Tamburello, Antonio Omar (25)
Toledo, Nicasio Antonio (24)
Toledo, Francisco (19)
Treppini, Juan Francisco (27)
Troppini, Antonio (29)
Von Bernard, Guido Rodolfo (20)
Zugaro, Leopoldo Fernando (35)

*Nomes retirados do site Que No Se Repita

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