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Reportagem

A geração perdida de Zâmbia

O início dos amos 90 eram promissores para a pequena seleção de Zâmbia, que surgiu aos olhos do mundo nas Olimpíadas de 88, com uma vitória estrondosa sobre a Itália por 4 a 0, com três gols de Kalusha Bwalya. Em abril de 93, estavam na liderança das eliminatórias para a Copa Africana de Nações e estavam iniciando a batalha por uma vaga na Copa do Mundo, indo para a segunda partida da competição. A esperança era grande. Mas aquele time sofreu um golpe irrecuperável. Mortal. 

No dia 27 de abril de 1993, o avião militar que levava os jogadores para Senegal, para uma partida das Eliminatórias da Copa, caiu nas águas do Oceano Atlântico às 22:44, uma hora e quarenta minutos após a decolagem depois de uma parada para reabastecimento em Libreville, capital do Gabão. Nenhuma das 30 pessoas a bordo sobreviveu ao desastre. O capitão e craque Bwalya escapou, pois estava em Eidhoven, na Holanda, no momento do acidente. A aeronave havia saído de Port Louis, capital das Ilhas Mauricio, onde a seleção de Zâmbia havia vencido um jogo por 3 a 0, pelas eliminatórias da Copa Africana de Nações, com um hat-trick de Kelvin Mutale.

Segundo um relatório divulgado 10 anos depois da tragédia, a aeronave bimotor utilizada teve uma falha mecânica no motor esquerdo durante o voo. No painel, uma luz indicava a falha, e erroneamente, a tripulação desligou o motor direito, fazendo com o que o avião perdesse toda a força, e consequentemente caísse. O acidente abalou o país, que realizou inúmeras homenagens, como a construção de um memorial próximo ao estádio da Independência, onde estão enterrados os corpos das vítimas.

Um ano depois do acidente, a seleção mostrou que era possível reconstruir, ao chegar na final da Copa Africana de Nações, na Tunísia. Zâmbia acabou perdendo por 2 a 1 para a forte Nigéria. Nas eliminatórias para a Copa, ficou a um ponto do passaporte para os Estados Unidos. Em 2012, 19 anos depois de ver uma geração de talentosos jogadores ser desperdiçada, a Zâmbia foi campeã da CAN numa disputa frenética de pênaltis com a Costa do Marfim. Curiosamente, a final foi disputada em Libreville, e com Kalusha Bwalya na presidência da federação. No mesmo lugar em que os Chipolopolo viram as cinzas, também viram a glória e redenção.

Abaixo, a lista das vitimas da tragédia:

Tripulação:
Fenton Mhone (piloto)
Victor Mubanga (piloto)
James Sachika (piloto)
Edward Nambote (tripulante)
Tomson Sakala (tripulante)
Jogadores:
Efford Chabala (goleiro)
John Soko (defensor)
Whiteson Changwe (defensor)
Robert Watiyakeni (defensor)
Eston Mulenga (meia)
Derby Makinka (meia)
Moses Chikwalakwala (meia)
Wisdom Mumba Chansa (meia)
Kelvin “Malaza” Mutale (atacante)
Timothy Mwitwa (atacante)
Numba Mwila (meia)
Richard Mwanza (goleiro)
Samuel Chomba (defensor)
Moses Masuwa (atacante)
Kenan Simambe (defensor)
Godfrey Kangwa (meia)
Winter Mumba (defensor)
Patrick “Bomber” Banda (atacante)

Comissão técnica:

Godfrey “Ucar” Chitalu
Alex Chola
Wilson Mtonga
Wilson Sakala

Outros:
Michael Mwape (diretor da federação)
Nelson Zimba (funcionário público)
Joseph Bwalya Salim (jornalista)

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