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Reportagem

Os goleiros de uma mão só

Em 1930, na primeira Copa do Mundo, o Uruguai venceu a Argentina por 4 a 2, na final disputada no mítico estádio Centenário, em Montevidéu. O quarto gol charrua foi marcado por “Manco” Castro, apelidado assim por não ter uma das mãos. Apesar de curioso, convenhamos. Futebol se joga com os pés. Quem lá precisa das duas mãos em um jogo de futebol? Ah, é! Os goleiros! Realmente, não ter uma mão seria impraticável defender uma meta. Ou não?

Tecnicamente, é improvável. Mas o espírito esportivo é capaz de deixar esses detalhes para trás. Diz uma história – mui real, diga-se – contada pela Revista Sudor, que na cidade uruguaia de Melo, na divisa com o Rio Grande do Sul, houve no final da década de 40 uma equipe com doze jogadores. Dois goleiros titulares. E ambos os goalkeepers sem uma das mãos. Manetas, no popular. Era o time que representava o Bar Rivero, em um torneio entre quatro times. Todos de bares da região. Quando o ‘River’ se apresenta, o juiz logo interpela sobre o fato do goleiro José Coroleano Gómez não ter a mão direita, vítima de uma queda de cavalo.

“O reserva é tão ruim assim?”

Eis que surge Justo González, sem a mão esquerda, perdida em um acidente de trabalho. Parecia até brincadeira, mas não era. 

“E se jogarem com os dois no gol?”

Foi a solução encontrada por um dos adversários do bar Ladi Silva. Então, os dois arqueiros amarraram os pés de um com os pés do outro, e cada um ficou responsável pelo seu lado. A experiência deu certo. O Rivero ganhou a peleja por 3 a 1. Detalhes da partida ou da atuação dos goleiros são desconhecidos. Na final, vitória por WO sobre o bar Odera. No Campeonato Uruguaio, a cidade de Melo é representada pelo Cerro Largo Futbol Club, fundado em 2002 e com duas participações consecutivas na elite, em 2007 e 2008. Mas a maior façanha esportiva da cidade, não há como negar, é do mítico Bar Rivero.

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